ANS exige revisão de R$ 866 milhões no balanço da Hapvida

A Hapvida enfrenta um novo desafio: a ANS determinou a revisão de R$ 866 milhões em seu balanço. O que isso significa para a empresa?

Hapvida: ANS Exige Revisão de Balanço Regulatório de R$ 866 Milhões

Decisão da ANS sobre a Hapvida

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tomou uma decisão importante recentemente, negando um recurso da Hapvida. Com isso, a operadora de saúde foi instruída a revisar seu balanço regulatório. O ajuste determinado pela agência é de expressivos R$ 866 milhões, um valor que se aproxima de R$ 1 bilhão. Essa exigência está ligada a um crédito fiscal que a empresa havia reconhecido no ano anterior.

Impacto do Programa Desenrola

A origem dessa revisão está no Programa Desenrola. A Hapvida havia registrado um crédito fiscal em seu balanço regulatório após ter uma dívida de R$ 866 milhões com o SUS perdoada. No entanto, a empresa fez esse registro antes que a análise formal do governo fosse concluída. Agora, a ANS exige que esse benefício seja revertido, o que levou à necessidade de ajustar as demonstrações financeiras enviadas à agência.

Reação do mercado e queda das ações

A notícia teve um impacto imediato no mercado. As ações da Hapvida (HAPV3) registraram uma queda de 6,30% na última sexta-feira (5), fechando o dia cotadas a R$ 14,57. Essa desvalorização foi intensificada por um cenário de queda geral na Bolsa brasileira. Olhando para os últimos seis meses, o papel da Hapvida acumula uma queda de quase 63%, fazendo com que seu valor de mercado atual seja de R$ 7,64 bilhões, bem abaixo dos R$ 16 bilhões que valia quando foi listada na Bolsa.

Análise das demonstrações financeiras

Apesar da determinação da ANS, a Hapvida se manifestou, afirmando que cumprirá a exigência. Contudo, a empresa esclareceu que o ajuste não afeta as demonstrações financeiras consolidadas que são preparadas conforme o padrão IFRS 17, utilizado para os relatórios de mercado. A Hapvida explicou que as mudanças solicitadas pela ANS se referem apenas ao demonstrativo regulatório ANS-GAP de 2024, que segue uma metodologia diferente da exigida pela CVM. A companhia garantiu que “não existe qualquer hipótese de republicação de balanço no âmbito das demonstrações IFRS divulgadas ao mercado” e que os efeitos contábeis relevantes “já estão integralmente refletidos” no padrão internacional.

Expectativas futuras para a Hapvida

Este episódio se soma a um período desafiador para a Hapvida, que tem enfrentado dificuldades para estabilizar seus resultados e recuperar a previsibilidade. Analistas apontam para uma “desconexão entre receita por beneficiário e custo por beneficiário”, indicando que os custos estão crescendo mais rápido que as receitas por usuário. Isso ocorre em um contexto de maior uso dos serviços e necessidade de investimentos para manter a qualidade. Desde o início do ano, a empresa expandiu sua infraestrutura, inaugurando sete hospitais e 25 unidades ambulatoriais, o que adicionou cerca de 500 novos leitos. Essa capacidade extra precisa ser melhor utilizada para diluir os custos fixos e melhorar a rentabilidade.

Recomendações de bancos e analistas

A pressão sobre a Hapvida é evidente nas recomendações de grandes instituições financeiras. Bancos como JP Morgan, Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco e Banco do Brasil rebaixaram recentemente suas recomendações para as ações da empresa. Um relatório do Itaú BBA, divulgado no final de novembro após o balanço do terceiro trimestre, descreveu um cenário de curto prazo mais difícil para a companhia, com rentabilidade menor e pouca visibilidade para uma recuperação rápida. Isso reflete uma perda de confiança generalizada nas perspectivas de recuperação da empresa no futuro próximo.

Fonte: Investnews